terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

In Colour - Jamie xx

Eu não imaginava que seria, em um primeiro momento, tão desafiador escutar esse disco. Desafiador, porque não é a falta de vocais ou um batida sombria, mas meticulosamente montada que me chama atenção em uma música num primeiro momento. Quando me foi proposto escutar esse álbum pensei, OK, irei curtir demais na primeira vez que escutar! Pensei isso só porque eu sabia que a crítica acerca desse trabalho tinha sido, em sua esmagadora maioria, altamente positiva. Errei, e errei feio. 

(Capa do álbum "In Colour")

Inclusive agora, escrevendo esse texto, escutando esse álbum pela trigésima vez, me sinto com um pé atrás. Meus leigos ouvidos não estão acostumando com esse tipo de música, mas consigo atribuir o devido valor a esse trabalho. Percebe-se na produção de cada faixa a importância da criação e a apropriada escolha de sons que cria um trabalho coerente e, por que não, belo. 

Jamie xx é jovem produtor musical britânico e não cantor, logo ele não vai aparecer cantando ao longo do álbum. Ele também é integrante da banda - junto com mais três seres talentosos, seres esses que deixam suas marcas neste álbum - mais linda da cidade The xx.  No mundo musical, Jamie é um produtor em alta demanda.

Jamie xx

O nome do disco, In Colour, juntamente com a arte da capa de cores vibrantes, ao meu ver, não representam necessariamente o conteúdo das músicas. Digo isso, porque o som de Jamie é sombrio, contido e, muitas vezes, dark. Não se percebe aqui batidas e produções alegres. Aliás, talvez com exceção de "I know There's Gonna Be (Good Times)" na qual o rapper Young Thung e o cantor jamaicano Popcaan emprestam seus vocais que se destacam no disco, mas mesmo assim considero essa música de uma alegria discreta.

Falando em destaques, a canção "Loud Places" tem um lugarzinho especial no meu coração. Toda produção fica por conta de Jamie, mas é na junção com sua parceira de banda Romy e sua grave voz que uma mágica acontece. É extraordinário como a mesclagem dessa batida sombria da qual venho falando se entrelaça com as letras da música. Romy canta "Eu vou para lugares barulhentos para procurar alguém" e ao fundo nota-se o barulho inquietante de um bar. Não é difícil encontrar uma verossimilhança aqui: quem nunca se sentiu só e buscou uma breve companhia num lugar desses?

"Loud Places"

Outros destaques são "Gosh", que abre o álbum, com uma construção de sons que surpreende. "Obvs", na qual pode-se escutar - e por que não sentir - parte de todo potencial criativo desse jovem produtor e finalmente, "Stranger in a Room" neste em que seu outro integrante de banda, Oliver, empresta sua voz para dar vida as letras "Você quer desaparecer na multidão / Apenas um estranho em um quarto / Que quer mudar suas cores apenas pela noite."

Gosh

In Colour, apesar de sombrio (mas belo!), chegou em 2015 para quem sabe colorir a vida de seus ouvintes. É nesse espectro de cores que da nome e vida ao álbum que cria-se outro espectro, mas dessas vez de sensações e sentimentos. Fica por conta de você que escuta esse álbum, deixar-se sentir e tenho certeza de que esse espectro de cores e sentimentos será sentindo por você.



Nota: 7/10