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This is the room, one afternoon, I knew I could love you
Lançado no ano de 1998, o segundo álbum da banda ~alternativa~ americana é considerado, hoje, um dos melhores CDs daquele ano. É claro que eu discordo muito com essas classificações de "melhor álbum do ano" ou coisas do tipo mas, quando tal eleição é feita por votos populares, fica muito mais aceitável tal colocação. Isso porque quando não é um grupo de pessoas "fechado", se tem um número bem maior de materiais analisados para as eleições e os preconceitos musicais, que cada um leva consigo, acaba sendo minimizado pelo todo, já que várias pessoas do mundo participaram. Já quando é um grupo de críticos, geralmente que vivem em um certo mesmo lugar, têm visões de mundo parecidas, além de ficar difícil acreditar que tais críticos puderam ouvir todos os álbuns lançados no mundo durante um ano todo, também fica a questão do comodismo musical bem prejudicada. Enfim, divago. Por voto popular, In the aeroplane over the sea é considerado um dos melhores álbuns de 1998 (fonte) (Aliás, esse mesmo site de avaliações de discos por pessoas comuns, também elege esse álbum como o trigésimo sexto melhor álbum de todos os tempos), e eu, com um limitadíssimo conhecimento no ramo da música, e pelo meu extremo afeto à essa obra, não irei discordar.
O mais impactante nesse CD, e isso é visualizado (ou ouvido, risos) logo na primeira escutada, afinal de contas, ao menos para nós, brasileiros, não se vê com tanta frequência a utilização tão eslavos. O Neutral Milk Hotel consegue incorporar, de maneira bastante (des)harmoniosa, instrumentos tão, aparentemente, estranhos, à um som que chega a dar água na boca!. Gaitas de fole, trompetes e violões aparece em todos os cantos do álbum, sem nenhum pudor. E não era para menos, o resultado chega a ser incrível. Um álbum com uma atmosfera feliz e corriqueira, que não parece extremamente longe dos cotidianos por não ser, exatamente, uma música muito elaborada, mas também não se torna desprezível por soar muito perto do que nós mesmos podíamos fazer, apesar da sonoridade não ser nada familiar à maioria de nós. Os arranjos aqui não são muito pensados (exceto na faixa Oh, Comely), e acabam se tornando aquelas músicas com as quais imaginamos que passaremos nossos dias, olhando as casas de dentro de um carro ou esperando um ônibus para chegar.
O segundo aspecto que mais me chamou atenção, isso porque, para que eu me atentasse ao fato tive de dar cá algumas ouvida repetidas no álbum (culpa, um pouco, confesso, da minha deficiência de habilidades dentro do idioma inglês), são as próprias letras que estão presentes nas canções. Uma coisa que eu admiro muito, seja em qualquer forma de escrita, é a simplicidade com que alguém consegue descrever algo, e essa simplicidade acabar se tornando profunda por todos os seus meandros. Neutral Milk Hotel, nas letras desse álbum, sem muitos "chiliques literários", de maneira bastante corriqueira e próxima do que se vive, vai falar sobre amores, sobre perdas, sobre família e sobre memórias familiares (principalmente sobre essa última). A frase que abre essa resenha, "This is the room, one afternoon, I knew I could love you", e a canção em que ela se insere, para mim, é um ótimo exemplo dessa simplificação e "cotidianidade", o que acaba por se tornar algo extremamente bonito. É como se o autor enxergasse poesia nas pequenas coisas do dia-a-dia.
Enfim, uma mistura de Vanguart, Beirut e Bob Dylan poderia talvez exemplificar como soa Neutral Milk Hotel. In the aeroplane over the sea é um álbum que não vejo muitas falas sobre, então vale muito a pena ser escutado. Nem que seja uma única vez, para se ter ideia de como soa algo muto diferente daquilo que estamos acostumados a ouvir (a não ser que você ouça, frequentemente, artistas bósnios e croatas)!
Melhor faixa do álbum: (sem dúvidas) Two headed boy, Pt-2
Avaliação:
