
Finding Forrester (2000) chegou até mim pelas mãos de uma das melhores professoras que tive na faculdade. Ela me dava aulas de Literatura Inglesa e sempre me enchia de conselhos, textos, mimos, e filmes. Em todos os filmes que ela me dava eu conseguia enxergar uma mensagem importante, algo que ela queria que eu soubesse, mas que descobrisse sozinha. Porém, ao assistir o início de Finding Forrester fiquei intrigada, pois não conseguia imaginar uma história surpreendente. Ainda bem que eu estava completamente errada.
Jamal Walace (Robert Brown) é um garoto negro de 16 anos que mora no Bronx, em Nova Iorque, estuda numa escola suburbana e também é um excelente jogador de basquete. Só que, ao contrário da maioria dos filmes com algum personagem semelhante, Jamal é extremamente inteligente e tem na escrita e na leitura um escape da sua realidade, mas esconde isso de sua família, amigos e comunidade escolar. Apesar de todas as confusões que um adolescente em suas condições possa vir a ter/sofrer, Jamal sabe que quer ser reconhecido pelo seu talento no basquete, até que uma prova que ele faz na escola lhe tira do anonimato e lhe abre as portas para uma renomada escola em Manhattan.
Forrester (Sean Connery) é um homem já velho que vive recluso em um apartamento que fica de frente para a quadra de basquete da comunidade de Jamal, e é através de uma aposta com os amigos que Jamal invade o apartamento de Forrester. A partir daí, Jamal encontra, em um lugar comum, a pessoa que vai fazer da sua vida uma vida extraordinária. Os dois se envolvem profundamente, trocando opiniões sobre leitura e escrita, e na maioria das vezes sobre a vida e a forma de verem o mundo. Forrester se transforma em algo como mentor de Jamal, que sempre traz seus textos para que ele leia e dê pitacos.
A relação de Jamal e Forrester é muito intensa, tanto por serem sujeitos totalmente diferentes no que concerne à idade, etnia, educação, quanto por serem tão iguais em relação aos seus gostos e sonhos. Ao ajudar Jamal a descobrir e realizar seus sonhos, Forrester redescobre os seus e vê que ainda há tempo para realizá-los. O filme mostra abertamente que o ensino-aprendizagem é uma via de mão dupla, e que sempre há o que se aprender.
Com direito a chororô no final, este filme traz um enredo comovente e emocionante; mostra também a quebra de várias barreiras e preconceitos sobre indivíduos já estigmatizados na sociedade. Além de fazer referências à grandes nomes da literatura como Charles Dickens, Mark Twain, George Bernard Shaw e Rudyard Kipling, mostra o quão longe podemos chegar pela amizade e em função dela.
É claro que não vou contar para vocês quem é o Forrester. Vocês também terão de encontrá-lo!
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| "We walk away from our dreams afraid that we may fail, or worse yet, afraid we may succeed."* |

